Peter van Inwagen (1983) recorre ao Argumento da Consequência para defender a
incompatibilidade entre o livre-arbítrio e o determinismo. Uma das versões mais discutidas
deste argumento é a sua versão modal. Para formular esta versão do argumento,
van Inwagen acrescenta aos operadores modais da necessidade e da possibilidade o
operador “N”, que representa a expressão «não depende de nós que…». De acordo
com van Inwagen, o operador N rege-se por duas regras de inferência fundamentais:
a regra (α) e a regra (β), que lhe permitem derivar a tese incomptibilista a partir de um
conjunto de premissas aparentemente incontroversas. Contudo, o compatibilista
Thomas Flint (1987) sugere que recorrendo à chamada “análise condicional” é possível
encontrar um contraexemplo à regra (β) no próprio Argumento da Consequência. Mas agora no artigo "Será a análise condicional uma resposta satisfatória ao incompatibilismo?", publicado Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – Série de Filosofia (vol. 33), eu e o Luís Veríssimo pretendemos mostrar que esta objeção não é bem-sucedida, porque a
regra (β) parece ser, a vários níveis, mais plausível e intuitiva do que a própria análise
condicional. Para defender esta ideia iremos servir-nos de duas estratégias. Em primeiro
lugar, iremos basear-nos num argumento de Roderick M. Chisholm (1964)
para mostrar se aceitarmos a análise condicional estamos erradamente comprometidos
com a ideia de que o significado profundo de: a) «S podia ter agido de outro modo.»
pode ser expresso da seguinte forma: b) «Se S tivesse escolhido agir de outro modo,
então ele poderia ter agido de outro modo.». Em segundo lugar, iremos recorrer à argumentação
de Michael Fara (2008) de acordo com a qual a análise condicional não fornece
uma interpretação correta do conceito de “capacidade” envolvido na discussão,
visto que não oferece uma explicação adequada das situações em que uma capacidade
não se manifesta porque se encontra mascarada. Este artigo pode ser lido aqui, aqui, ou aqui.
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